sexta-feira, 29 de maio de 2015

SOMOS TODOS MERDAS

Por Monique Carvalho

(Mulher com a perna engessada)

Mulher – É. Eu quebrei a perna. Nota-se, não é mesmo? Eu quebrei a cara. Isso não dá pra notar. Só dá para sentir. Sou uma merdinha simpática. E é isso que dá ser uma merdinha sorridente e feliz. Quem dera eu fosse só uma merdinha, ou só simpática, ou nenhuma das duas opções. Eu observo muito. Eu observo tudo. E de tudo que já observei conclui que quebrar a cara é a honra dos bons. Os egoístas não quebram nada, não se humilham, não se desculpam, não se envolvem. Porque o envolvimento também é honra dos bons.

QUERO ARRANCAR TANTA COISA DE MIM. Primeiro de tudo quero arrancar esse gesso maldito e esse sorriso forçado, por uma falsa simpatia, da cara quebrada. Eu não estou bem. E quem é que percebe? Ninguém.

Sou pura paz.
Sou pura lua.
Sou pura tortura.

Me sinto incapaz de me tornar a mulher dos meus sonhos. A fortaleza impenetrável. A desejada, amada, idolatrada. Mas por enquanto estou quebrada por dentro e por fora.
(...)

TEXTO COMPLETO AQUI

terça-feira, 19 de maio de 2015

DIAS DEPOIS

Por Monique Carvalho

Personagens:
HOMEM
MULHER
_____

(Luz baixa. Há uma mesa no centro com uma cadeira, onde uma mulher magra e muito branca se encontra sentada e dormindo com os braços estirados sobre a mesa. Um homem entra com ar autoritário. Traz uma xícara de café bem quente em uma mão e uma pasta na outra. A mulher não acorda.
O homem se aproxima sem discrição, coloca a xícara sobre a mesa, olha a mulher com curiosidade e abre a pasta procurando algo. A mulher se mexe com suavidade, mas não acorda. O Homem olha sua xícara ao lado da mulher, para de folear o conteúdo da pasta e dá quatro batidas na mesa.)
HOMEM – Acorda! (impaciente) Eu não tenho todo o tempo do mundo!
(Mulher se mexe um pouco mais e suavemente)
HOMEM – Vamos!
MULHER (ergue a cabeça muito sutilmente e olha para o homem) Já começou?
HOMEM – Já começou sim e você precisa esclarecer umas coisas. (pausa) Só para confirmarmos. Seu nome?
MULHER – Conceição.
HOMEM – Casada?
(Mulher olha fixamente o homem sem responder)
(...)

TEXTO COMPLETO AQUI.

Exercício textual proposto a partir do conto A Missa do Galo de Machado de Assis.